quarta-feira, 21 de maio de 2014
domingo, 18 de maio de 2014
quinta-feira, 1 de maio de 2014
Poema do mês de maio
O
menino de sua mãe
No
plaino abandonado
De balas
trespassado-
Duas,
de lado a lado-,
Jaz
morto, e arrefece.
Raia-lhe
a farda o sangue.
De
braços estendidos,
Alvo,
louro, exangue,
Fita
com olhar langue
E
cego os céus perdidos.
Tão
jovem! Que jovem era!
(agora
que idade tem?)
Filho
único, a mãe lhe dera
Um
nome e o mantivera:
«O
menino de sua mãe.»
Caiu-lhe
da algibeira
A
cigarreira breve.
Dera-lhe
a mãe. Está inteira
E boa
a cigarreira.
Ele é
que já não serve.
De
outra algibeira, alada
Ponta
a roçar o solo,
A
brancura embainhada
De um
lenço… deu-lho a criada
Velha
que o trouxe ao colo.
Lá
longe, em casa, há a prece:
“Que
volte cedo, e bem!”
(Malhas
que o Império tece!)
Jaz
morto e apodrece
O
menino da sua mãe
Fernando Pessoa
Filme do mês de maio
A
mágica e apaixonante história verídica da família mais popular do cinema.
Maria
é uma espirituosa mulher que deixa o convento para se tornar ama dos sete
filhos do Capitão Von Trapp, um aristocrata viúvo cujas regras não deixam
espaço para música e divertimento.
Livros do mês de maio
«Pode
ser que a mãe tenha pedido a esse pássaro para ir ter contigo à tua sala, para
te fazer companhia...
A ideia era boa demais, mas tão apetecível que
não resisti a perguntar:
- Achas que a Mãe, agora, pode falar com os
pássaros, Clara?...
- Porque é que não há de poder? Ela não está
no Céu? Os pássaros não andam por lá também? Então?!
Os olhos encheram-se-me de lágrimas da mais
pura alegria.»
Da cumplicidade entre duas irmãs e da sua
capacidade para enfrentar a mais difícil situação das suas vidas se faz este
livro escrito com a mestria e a sensibilidade a que nos habituou Maria Teresa
Maia Gonzalez.
Maria
Teresa Maia Gonzalez, licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, coautora da
coleção "O Clube
das Chaves", da qual já se publicaram 21 volumes, é
autora de inúmeras outras obras, incluindo vários títulos premiados. "A
Lua de Joana", o seu maior sucesso editorial, já conta com 16 edições e
220 000 exemplares vendidos. O seu livro, "O Pai no Tecto", tem sido
igualmente bem recebido pelos jovens leitores e professores.
É uma
das mais vendidas e prestigiadas autoras portuguesas de livros dedicados a
crianças e jovens adolescentes. Inicia com a publicação deste livro na
Principia, uma colaboração na área dos livros para crianças e jovens
adolescentes, com livros cujo conteúdo pretende transmitir uma mensagem
espiritual e um sentido de religiosidade adaptado à idade do público alvo.
«No
dia do nosso aniversário, depois de a Mãe ter feito os bolos, os pastéis e os
pudins, ainda vai à porta receber, com um sorriso, todos os nossos amigos
barulhentos.» «Ser santo é viver no mundo real e ir ao encontro das pessoas que
Deus colocou no nosso caminho e amá-las. Para muitos de nós, essas pessoas são
a nossa própria família.»
Romance
da autoria de Júlio Dinis, inicialmente aparecido em folhetins com o título Uma
Família de Ingleses e subintitulado Cenas da Vida do Porto, foi publicado em
1868. Enquanto Camilo retratava o velho mundo da aristocracia fatalista e em
decadência, Júlio Dinis aborda um mundo novo em cujo desenvolvimento acredita.
No período durante o qual escreveu, entre 1858 e 1870, vivia-se uma fase de
acalmia que propiciava o fomento das obras públicas. Todos os valores da
burguesia crente no êxito da boa vontade e da iniciativa individual pareciam
então catalisadores de progresso. Júlio Dinis emerge deste otimista meio burguês.
Ao mesmo tempo, será ele que sustentará a sua obra, através da leitura dos
folhetins em que ela é inicialmente publicada e onde se afirma como fulcro de
uma fase decisiva da ficção portuguesa - o romance de tema contemporâneo.
António
José Saraiva nota que, ao contrário de Eça de Queirós, capaz de analisar
objetivamente as instituições que representa nos seus romances, Júlio Dinis
identifica-se de tal modo com o meio que representa que parte desde logo, não
da realidade, mas de construções ideais. Isto torna-se óbvio em Uma Família
Inglesa, se atentarmos na tipificação caricatural da maior parte das
personagens ou na idealização extrema de Jenny, «anjo do lar» quase ubíquo da
família Whitestone que leva o próprio narrador a referir-se-lhe como «tão celestial
que se espera a cada passo vê-la desprender-se da terra e dissipar-se»,
confiando-lhe o poder de resolver todas as crises, embora não a dote de grande
densidade psicológica.
Uma
Família Inglesa é um romance exemplar da sua técnica narrativa. A ação evolui
nos diversos espaços físicos e sociais portuenses, essencialmente
caracterizados pelo meio comercial do Porto, geradores de ambientes e
caracterizadores das personagens: o elegante bairro da colónia britânica,
residência da família Whitestone; a Rua dos Ingleses, ao tempo o centro da vida
comercial e financeira do Porto, onde se situa o escritório de Richard
Whitestone, inglês dono de uma grande firma de exportação, e onde trabalha
Manuel Quintino, o modesto e obediente guarda-livros, cujos ambientes caseiros
o romance nos dá a conhecer; o espaço da boémia, onde se movem Carlos
Whitestone, jovem herdeiro da família, e os seus amigos, que inclui o célebre
Café Guichard e o Águia de Ouro, palco da festa de Carnaval onde Carlos se
cruza com a mulher misteriosa que virá a ser Cecília; a Foz, escolhida por
Jenny e Cecília para local de confidências e desabafos, etc.
O
enredo aparentemente sentimental que realiza o velho esquema da Gata
Borralheira culminará no casamento de Carlos com Cecília, filha de Manuel Quintino.
Contudo, a crise novelesca não envolve apenas o par romântico mas as suas
famílias ligadas por uma antiga relação de trabalho. A relação entre Carlos e
Cecília consubstancia-se pelas visitas do primeiro à casa da segunda com o
objetivo de ser instruído na arte comercial pelo pai desta, vitimado pela
doença. Neste percurso se traça a redenção de Carlos, cuja leviandade amorosa e
desinteresse pelo mundo do trabalho são assim transformados em empenhamento
marital e profissional. O trabalho surge, assim, não só como fonte de riqueza
mas também de felicidade familiar e como motor de uma harmonia universal
implícita na união de indivíduos de meios sociais muito diferentes. Neste
sentido, pode afirmar-se que este romance atinge uma síntese, revelando-se Júlio
Dinis capaz de explorar a verosimilhança dos arquétipos inconscientes do seu
tempo, não só através da consideração da interioridade das suas personagens
principais mas também e sobretudo graças aos polos temáticos em que assenta a
sua narrativa: a família e o trabalho.
Escritor
português, Júlio Dinis é o pseudónimo literário mais conhecido de Joaquim
Guilherme Gomes
Coelho, entre os vários que o autor adotou ao longo da sua
carreira literária. Nasceu a 14 de novembro de 1839, no Porto, e morreu a 12 de
setembro de 1871, na mesma cidade. Licenciou-se em Medicina, mas dedicou-se
sobretudo à literatura, podendo ser considerado como um escritor de transição,
situado entre o fim do Romantismo e o início do Realismo. É autor de poesias,
peças de teatro, textos de teorização literária, mas destaca-se sobretudo como
romancista, deixando em pouco mais de trinta e dois anos de vida uma produção
original e inovadora, que contribuiu grandemente para a criação do romance
moderno em Portugal. Órfão de mãe aos seis anos, estudou na Academia
Politécnica a partir de 1853, onde se relacionou com o poeta portuense Soares
de Passos, e ingressou na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, em 1855, ano em que
dois irmãos seus morrem, vítimas da tuberculose. Por essa altura, entrou para um
grupo de teatro, o "Cenáculo", e escreveu as suas primeiras peças de
teatro, que viriam a ser postumamente reunidas nos três volumes do Teatro
Inédito, em 1946-1947. Em 1860, ano da morte de Soares de Passos, abandonou o
"Cenáculo" e estreou-se na revista A Grinalda com poesias românticas
que viriam a fazer parte das Poesias (1870). Em 1861, concluiu o curso de
Medicina. Nos dois anos seguintes, publicou em folhetim no Jornal do Porto
alguns dos contos que seriam postumamente compilados em Serões da Província,
assinando ora Júlio Dinis, ora Diana de Aveleda. Em 1863, passou uma temporada
em casa de familiares, em Ovar, para se tratar da tuberculose, declarada um ano
antes. Aí, descobre os encantos da vida rural, que estará presente em grande
parte das suas obras - Júlio Dinis foi principalmente um escritor de espaços,
oferecendo-nos quadros onde revela uma preocupação pela veracidade nas
descrições das aldeias, dos ambientes e caracteres, e na evolução da intriga.
Em 1865, ingressou na Escola Médico-Cirúrgica, onde se formara, como
demonstrador. O seu primeiro romance, As Pupilas do Senhor Reitor, é publicado
em folhetins no Jornal do Porto, em 1866, e em volume um ano depois.
Seguem-se-lhe, em 1868, Uma Família Inglesa (retrato da vida citadina, dando especial
relevo à pequena burguesia nascente) e A Morgadinha dos Canaviais, no mesmo ano
em que As Pupilas do Senhor Reitor, adaptadas ao teatro, são representadas no
Teatro da Trindade. Em 1869, parte para a Madeira, em busca de uma melhoria do
seu estado de saúde, regressando, um ano depois, ao Porto, onde publica os
Serões da Província. No mesmo ano, concluiu o seu quarto romance, Os Fidalgos
da Casa Mourisca, cujas provas tipográficas já não acabará de rever. Em 1871,
no mesmo ano em que as Pupilas do Senhor Reitor são representadas no Rio de
Janeiro, assinalando já a celebridade do escritor além fronteiras, morre
prematuramente, vítima da tuberculose. Em 1874, surge o volume póstumo das
Poesias e, em 1910, a compilação de textos narrativos e teóricos Inéditos e
Esparsos. Júlio
Dinis - cujo conhecimento da língua e da cultura inglesas (a sua mãe era de
ascendência irlandesa) lhe possibilitou a leitura de novelistas como Jane
Austen, Richardson, Thackeray e Dickens, cujas obras são marcadas pelo realismo
psicológico - deixou uma produção romanesca eivada de componentes realistas e
românticos. Assim, se a sua conceção do romance, exposta em Inéditos e
Esparsos, baseada na lentidão da narrativa, na averiguação da verdade, no
tratamento de temas familiares e quotidianos, o aproxima da estética realista,
a idealização do campo, da mulher, da família, a tendência para a solução
harmoniosa dos conflitos, o pendor moralizador dos desfechos das intrigas, o
otimismo do seu ideal social, em que felicidade amorosa e harmonização social
são indissociáveis, têm ressonâncias românticas.
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