domingo, 30 de setembro de 2012

Poema do mês de outubro


Roga de vindima

 

Fui ao Douro às vindimas,

Não achei que vindimar,

Vindimaram-me as costelas

Olha o que lá fui buscar.

 

Fui ao Douro à vindima,

Não achei que vindimar,

Vindimaram os meus olhos,

Colheram-mos para o lagar.

 

Não achei que vindimar,

Nem sequer um só baguinho,

Mas meus olhos d'uva preta

Apanharam-mos p'r'um cestinho.

 

Nem sequer um só baguinho

P'ra fazer um néctar doce,

Mas meus lábios de cereja

Quiseram-mos p'ra sua posse.

 

P'ra fazer um néctar doce

Com aroma a mosto fino,

No cálice dos meus abraços

Escreveram meu destino.

 

Com aroma a mosto fino

E cheirinho de hortelã,

Aromatizaram meus beijos

Certos olhos de avelã.

 

E cheirinho de hortelã,

Matizada de sol posto,

Beberam-me em copo d'ouro,

Em licor de fino gosto.

 

Matizada de sol posto,

Orvalhada de tons quentes,

Fui ao Douro à vindima,

Colhi só olhares ardentes...

 

Cancioneiro popular duriense

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