terça-feira, 11 de março de 2014

Poema do mês de março

Um livro





Um livro escreve-se uma vez e outra vez.
Um livro se repete. O mesmo livro.
Sempre. Ou a mesma pergunta. Ou
talvez
o não haver resposta.
Por isso um livro anda à volta sobre si mesmo
um livro o poema a prosa a frase
tensa
a escrita nunca escrita
a que não é senão o ritmo
subterrâneo
o anjo oculto o rio
o demónio azul.

Um livro. Sempre.
Um livro que se escreve e não se escreve
ou se rescreve junto
ao mesmo mar.

Um livro. Navegação por dentro
errância que não chega a nenhuma Ítaca.
Um livro se repete. Um livro
essa pergunta
incognoscível código do ser.

Metáfora de cornos e pés-de-cabra
Um livro. Esse buscar
coisa nenhuma.
Ou só o espaço
o grande interminável espaço em branco
por onde corre o sangue a escrita a vida.
Um livro.

Manuel Alegre in Livro do português errante

Filme do mês de março

O drama relata a vida de um professor de poesia que quebra os protocolos académicos para ensinar literatura de uma nova maneira.
O professor Keating inspira os seus alunos a acreditarem nos seus sonhos e paixões para que a vida não seja tão modesta e sem graça. Keating propõe aos seus alunos o desenvolvimento do dom do questionamento, do protesto e da oposição para se tornarem livres pensadores.
O roteiro do filme é reforçado com citações da literatura inglesa, com menção aos escritores Henry David Thoreau, Walt Whitman e Byron. O filme também tem como base a expressão latina “Carpe diem”, que significa “aproveite o dia”, o que incentivava os jovens a gozar a vida, o dia, pois tudo na vida é breve.
Um dos personagens, Neil Perry, suicida-se por não poder realizar o sonho de ser ator e de escrever num jornal, desejos proibidos pelo seu próprio pai.
O professor Keating é interpretado pelo grande ator Robin Williams, um ex-aluno que se torna em novo professor da instituição, ao incentivar um novo modo de enxergar e interpretar a vida, entrando em conflito com as regras pedagógicas da escola que não aceita a visão de uma educação além da própria escola.

A história valoriza o valor dos sentimentos reais, do desejo que deve derigir a própria vida e que há sempre tempo para mudanças, sendo necessário encorajar as pessoas a mudarem para melhor.


Livros do mês de março

No dia em que Leopoldo fez oito anos, os pais ofereceram-lhe dois livros, tal como acontecia em todos os aniversários desde que tinha nascido! Leopoldo sentiu-se tão triste e infeliz... não gostava mesmo nada de ler. Sempre que tentava fazê-lo, as letras começavam a misturar-se umas nas outras numa grande confusão de rabiscos pretos sem qualquer significado. Mas os pais não entendiam o seu problema e insistiam tanto para que ele lesse que um dia Leopoldo decide fugir de casa! É então que conhece alguém muito especial, um grande amigo, que descobre o que realmente se passa com ele e juntos começam a partilhar muitas e muitas páginas de aventuras, sonhos e fantasia...

O Menino Que Não Gostava de Ler é outro exemplo do excelente trabalho feito por Susanna Tamaro na literatura infantil.

Susanna Tamaro nasceu em Trieste, Itália, no ano de 1957. Formou-se em Realização no Centro Experimental de Cinematografia de Roma. Durante dez anos trabalhou para a televisão como realizadora de documentários científicos. Atualmente, é uma das escritoras italianas mais conhecidas e aclamadas em todo o mundo, e o conjunto da sua obra, que inclui títulos bem conhecidos do público português - Vai Aonde Te Leva o Coração, Com a Cabeça nas Nuvens, Para Uma Voz Só, Escuta a Minha Voz ou Regresso a Casa - vendeu vários milhões de exemplares à escala mundial.



Teatro ao mesmo tempo político e existencial, de idéias e de emoções, a dramaturgia de José Saramago, moldada em diálogos afiados e ritmo musical, confirma a sua maestria na criação de situações reveladoras das contradições éticas e sociais. Este volume reúne três peças teatrais.
Na primeira, quando retorna das Índias, Luís de Camões tem que negociar com a obtusa Inquisição e com a medíocre corte de Lisboa a permissão para publicar a obra maior da língua portuguesa, Os Lusíadas. Na segunda, um redator antifascista vê a redação do jornal conservador em que trabalha transformar-se num microcosmos de Portugal na noite da Revolução dos Cravos em 1974. Na terceira, são Francisco de Assis volta à terra nos dias de hoje e encontra a sua ordem transformada numa empresa gigantesca e lucrativa.

Filho e neto de camponeses, José Saramago nasceu na aldeia de Azinhaga, província do Ribatejo, no dia 16
de Novembro de 1922, se bem que o registo oficial mencione como data de nascimento o dia 18. Os seus pais emigraram para Lisboa quando ele não havia ainda completado dois anos. A maior parte da sua vida decorreu na capital, embora até aos primeiros anos da idade adulta fossem numerosas e, por vezes, prolongadas, as suas estadas na aldeia natal.
Fez estudos secundários (liceais e técnicos) que, por dificuldades económicas, não pode prosseguir. O seu primeiro emprego foi como serralheiro mecânico, tendo exercido depois diversas profissões: desenhador, funcionário da saúde e da previdência social, tradutor, editor, jornalista. Publicou o seu primeiro livro, um romance,  Terra do Pecado, em 1947, tendo estado depois largo tempo sem publicar (até 1966). Trabalhou durante doze anos numa editora, onde exerceu funções de direção literária e de produção. Colaborou como crítico literário na revista  Seara Nova. Em 1972 e 1973 fez parte da redação do jornal Diário de Lisboa, onde foi comentador político, tendo também coordenado, durante cerca de um ano, o suplemento cultural daquele vespertino.
Pertenceu à primeira Direção da Associação Portuguesa de Escritores e foi, de 1985 a 1994, presidente da Assembleia Geral da Sociedade Portuguesa de Autores. Entre Abril e Novembro de 1975 foi diretor-adjunto do jornal  Diário de Notícias. A partir de 1976 passou a viver exclusivamente do seu trabalho literário, primeiro como tradutor, depois como autor. Casou com Pilar del Río em 1988 e em Fevereiro de 1993 decidiu repartir o seu tempo entre a sua residência habitual em Lisboa e a ilha de Lanzarote, no arquipélago das Canárias (Espanha). Em 1998 foi-lhe atribuído o Prémio Nobel de Literatura.
José Saramago faleceu a 18 de Junho de 2010.