quinta-feira, 7 de junho de 2018

Poema do mês de junho

A cigarra e a formiga



Bocage



Tendo a cigarra em cantigas

Folgado todo o Verão

Achou-se em penúria extrema

Na tormentosa estação.



Não lhe restando migalha

Que trincasse, a tagarela

Foi valer-se da formiga,

Que morava perto dela.



Rogou-lhe que lhe emprestasse,

Pois tinha riqueza e brilho,

Algum grão com que manter-se

Té voltar o aceso Estio.



«Amiga, diz a cigarra,

Prometo, à fé d’animal,

Pagar-vos antes d’Agosto

Os juros e o principal.»



A formiga nunca empresta,

Nunca dá, por isso junta.

«No Verão em que lidavas?»

À pedinte ela pergunta.



Responde a outra: «Eu cantava

Noite e dia, a toda a hora.»

«Oh! bravo!», torna a formiga.


– Cantavas? Pois dança agora!»

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